O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) pediu à Procuradoria-Geral da República que instaure inquérito para investigar o Kwai após reportagem do Aos Fatos mostrar que a plataforma chinesa teria enviado a seus criadores de conteúdo uma tarefa que estimulava a criação de vídeos com ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) em troca de engajamento.
A campanha prometia dar mais exposição a quem criasse conteúdos sobre o tema “vídeo ilegal pode anular processo contra Bolsonaro” utilizando a hashtag #ilegal.
O desafio fazia referência à exibição de um vídeo do 8 de Janeiro pelo ministro Alexandre de Moraes durante o julgamento do último dia 26, que tornou Jair Bolsonaro (PL) réu por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. A gravação foi mostrada pelo magistrado para contraditar o argumento de que não teria havido violência durante os atos golpistas.
Na representação — endereçada ao procurador-geral da República, Paulo Gonet —, Boulos afirma que a reportagem do Aos Fatos “tornou pública a absurda trama para atacar o Supremo Tribunal Federal” e pediu a abertura de investigação contra a empresa chinesa e seus administradores no Brasil.
“Estamos diante de um claro e grave ataque ao Supremo Tribunal Federal realizado de forma organizada, incentivada, fomentada e monetizada, com pagamentos e premiações divulgados pelo perfil oficial da plataforma”, justificou o deputado.
Aos Fatos procurou o Kwai para comentar a representação, e este texto será atualizado em caso de resposta. Em posicionamento enviado anteriormente à reportagem, a empresa afirmou que tinha derrubado a tarefa e que “é totalmente apartidária e não endossa ou favorece nenhum candidato, partido político ou ideologia”.
O caminho da apuração
Aos Fatos recebeu uma cópia da representação por meio da assessoria de imprensa do deputado e entrou em contato com o Kwai para pedir posicionamento.